Apresentando o Developer Evangelist Luís Leão

November 24, 2020
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Apresenta

Quando eu comecei a minha carreira de TI, ser desenvolvedor era como ser uma pequena peça de uma máquina gigante. Naquela época tínhamos "fábricas de software" que desenvolviam aplicativos e sistemas de acordo com o projeto e tempo predeterminados.

Eu sempre gostei dos filmes do Chaplin e "Tempos Modernos" resumia muito o que era desenvolver aplicativos nos anos 2000. Hoje, isso tudo mudou e quero te contar o que aconteceu no meio do caminho...

GIF do filme

Existe uma API para isso

Lá em 2007, quando morava em Belo Horizonte e já era desenvolvedor web, o Twitter estava começando a ser notado no Brasil. Naquele tempo, era moda recebermos convites dos amigos para criar contas em novos serviços e, assim que recebi um convite do Twitter, percebi que o serviço tinha uma "página de desenvolvedor". Isso me deixou muito curioso.

Eu já tinha trabalhado com web services antes, mas isso era um pouco diferente: era possível realizar chamadas HTTP simples e autenticar no lugar do usuário. Essas chamadas me permitiam postar tweets, enviar mensagens diretas e até mesmo mudar informações do perfil do usuário. Com esse poder todo, por que não criar algo legal?

Se você conhece a história do Twitter e porque as mensagens começaram com 140 caracteres, você deve saber que existe uma ligação com o serviços de mensagens SMS. O serviço do Twitter por mensagem de texto funcionava nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas por que não no Brasil?

Como eu era uma pessoa curiosa, minha primeira ideia foi sobre como poderia implementar algo para funcionar com Twitter e SMS no meu país. Isso era muito difícil.

Imagine uma pessoa tentando entrar em contato com operadoras e provedores de telecomunicações, que são regulamentados pelo governo. Eu não era ninguém naquele momento e como falei antes, ninguém "dava bola" para um desenvolvedor que era so uma peça na máquina gigante. Pense como é ter uma ideia que requer esse tipo de contato e quanto tempo levaria para colocar isso em produção.

Na minha cabeça, fazendo minha adaptação do comercial do iPhone 3G, pensava que "deveria ter uma API para isso". E existia. Era uma empresa americana chamada Twilio, mas ela não possuía suporte no Brasil ainda.

Lembre-se que o iPhone foi lançado em 2007, mas a Microsoft tinha um dispositivo conhecido como PDA (do Inglês Personal Device Assistant, ou assistente de dispositivo pessoal) que rodava uma versão do Windows Mobile. Eu sabia como programá-lo e usando a nossa boa e velha "gambiarra", usei a criatividade para interceptar mensagens SMS do meu celular, criei um web service que verificava o remetente, usava seus dados de acesso e postava na conta do Twitter dele.

Eu lancei o sms2blog em 2008 e o serviço funcionou até 2011 quando mudei para São Paulo. Ele recebeu mais de 1 milhão de mensagens, com um pico de 6000 mensagens por dia, sendo recebidas por 4 smartphones que ficavam do lado da minha cama. Cada telefone era de uma operadora diferente, assim os usuários não gastavam nada para enviar mensagens pelo serviço.

Usuários lembrando como era usar o Twitter quando poucas pessoas tinham smartphone

Teve quem postasse no Twitter da sala de aula e fã clube que fez cobertura do show do Guns N'Roses usando SMS.

Como DIY se conecta com marketing?

Minha paixão por APIs e pelo movimento "Faça você mesmo" (DIY ou Do It Yourself em inglês) me transformou no desenvolvedor que sou hoje. Desde aprender a criar páginas na internet, aplicativos e construir robôs e impressoras 3D até máquinas que interagiam com pessoas em eventos. A comunidade maker foi uma fonte de conhecimentos e de conexões com pessoas interessantes.

Eu aprendi muito com eles e consegui ensinar muita gente. Isso acabou abrindo portas para trabalhar com grandes empresas e startups, criando experiências com seus clientes, ou criando integrações com os mais variados serviços na nuvem.

 

O meu primeiro trabalho de maior impacto foi construir um robô que espionava a montagem de uma exibição da Pinacoteca de São Paulo e que era controlado remotamente. Os visitantes entravam em uma fila virtual na fanpage do museu e podiam assistir e controlar o robô em uma área que era fechada para visitantes.

Se você tem interesse em saber como foi feito, minha colega e também developer evangelist, Christine Sunu, fez recentemente uma batalha de robôs Roomba.

No meu caso, para fazer isso tudo funcionar, eu tive que configurar o que chamamos de media server, que recebia as imagens de vídeo de uma câmera de segurança IP e a distribuía para quem estivesse conectado na fanpage. Além disso, um outro servidor foi utilizado para controlar a fila dos visitantes e os comandos que eram enviados para o robô.

Depois disso eu fiz um outro experimento usando telefonia, para interagir com usuários que estavam se movendo pela cidade de carro e que gostariam de receber informações das redes sociais, notícias e outros assuntos de seu interesse, sem tirar a mão do volante.

Este experimento acabou se tornando a campanha para um novo carro da FIAT e foi chamado de Fiat Social Drive. Eu aprendi muito sobre infraestrutura de telecomunicações e, mais uma vez, naquele momento não existia uma plataforma ou API no Brasil para que pudéssemos construir isso de um jeito fácil. Acabou que ficamos mais focados em conseguir resolver a parte de telefonia do que construir o serviço. E é exatamente para isso que as APIs são construídas.

 

Agora você deve estar se perguntando o que esses dois projetos têm em comum? Os dois utilizaram ferramentas de comunicação que podem parecer um grande desafio para o desenvolvedor, mas não seria tão complexo se existisse uma plataforma que oferecesse isso.

O que aprendi foi não parar no primeiro obstáculo e buscar um jeito de tornar realidade o que gostaria de fazer.

No exemplo da FIAT, fiz o protótipo usando a API de voz da Twilio, mas não conseguia sintetizar textos em Português. Tive uma ideia que veio de dois garotos pedindo pizza usando o Google Tradutor e consegui fazer o serviço funcionar no meu idioma.

Se você for conferir agora, nós temos Português e vários outros idiomas :)

Fazer parte de uma comunidade

Além de participar do movimento maker, eu acabei começando a ajudar comunidades de desenvolvedores. Em 2012 me tornei co-organizador do Google Developer Group de São Paulo. Ela começou do zero e hoje tem mais de 12 mil membros, além de eventos regulares.

DevFest São Paulo 2015 no escritório da Google em São Paulo

O que essa comunidade me ofereceu foi a oportunidade de me conectar com desenvolvedores e aprender várias coisas que não consigo contar nos dedos, além de fazer muitos amigos. Essa visão de que desenvolvedores gostam de ficar isolados em suas baias já era e que, quando permanecemos juntos, podemos construir coisas incríveis. 

Nós organizamos meetups, hackathons, conferências e muitos outros tipos de eventos onde abordamos, especialmente, tecnologias de código aberto com uma perspectiva bem "mão na massa".

Por causa desse trabalho com a comunidade, eu acabei sendo convidado para criar um experimento no Google I/O de 2017 para demonstrar o uso de machine learning com IoT. Acabei construindo uma "dispensadora de sorrisos" que liberava chocolate para os participantes que mostravam aquele sorriso na frente da máquina.

Sim, eu sei que não faz sentido dar chocolate para quem já está feliz, não é mesmo? Mas não vi nenhuma pessoa que não abria aquele sorrisão para ganhar chocolate de graça :P

Demonstração da "dispensadora de sorrisos" no Google I/O de 2017

Vamos construir algo incrível juntos

Meu nome é Luís e agora eu me tornei um developer evangelist na Twilio. Especialmente no Brasil, isso significa estar mais próximo dos desenvolvedores, ajudar você a construir coisas incríveis e ser muito criativo. Eu tenho certeza de que você quer criar serviços que vão mudar as nossas vidas e impactar a nossa sociedade de um jeito positivo. Meu objetivo é remover a barreira do idioma e ajudar você aprender e se conectar com a Twilio e outros desenvolvedores.

Se você se interessa em criar algo bacana e que precisa se conectar com seus usuários de um jeito diferente e se divertir no processo, vamos tomar um café e conversar. Mal posso esperar para ver o que você vai construir.

 

 

GIF de Charles Chaplin movendo uma alavanca - filme Tempos Modernos

Fique a vontade para tirar dúvidas, enviar sugestões e conversar comigo sobre seus projetos. Mal posso esperar para ver o que você vai construir.